28/04/2011

O Poder de Cura e a Luz Interior

por Diana Dupre (traduzido da Rays from the Rose Cross)

Podemos ajudar muito as pessoas ao lembrá-las e fazê-las sentir que a Luz Interior é o mais poderoso remédio que temos ao nosso dispor. Estaríamos ajudando todos aqueles que estão viciados e saturados de remédios para cura de males reais e imaginários, assim como aqueles que se valem só de remédios como suplementos nutritivos e fortificantes ao primeiro sinal de alguma debilidade física.

A Luz Interior é a essência da natureza divina que é nossa herança, graças ao fato de que somos Chispas Divinas do Deus Solar, destinadas a tornarmo-nos perfeitos, como Ele.

Cada um de nos a possui e é nosso dever fazê-la brilhar cada vez mais a medida que evoluímos. Quanto mais perto estivermos de nossa meta, mais a Luz brilhará. Quanto mais brilhante ela estiver mais próximos da perfeição estaremos; quanto mais perto da perfeição estivermos mais perto estaremos da saúde perfeita.

A saúde perfeita depende do grau de obediência às leis naturais e a Luz Interior, brilhará de acordo com este grau de obediência. A mais sublime lei natural é a Lei do Amor. Se obedecermos esta lei, implicitamente gozaremos saúde perfeita. Isto tudo pode parecer simples mas o Aspirante espiritual sabe o quanto é difícil darmo-nos de todo o coração, na personificação da Lei que nos foi dada por Jesus Cristo. Os Veículos de Jesus, assumidos pelo Espírito de Cristo, eram os mais perfeitos disponíveis na humanidade. é inconcebível que Jesus Cristo tenha sucumbido a males e comoções às quais estamos submetidos. É inconcebível que Ele tenha recorrido a remédios ou cura. Pelo contrário, Ele era a cura personificada.

Para que a figura tão sublime como a de Cristo habite em qualquer tipo de corpo físico é necessário que este corpo esteja totalmente livre das imperfeições que caracterizam os corpos da maioria da humanidade. Jesus pôde fornecer o instrumento perfeito a Cristo porque viveu de maneira pura e sem egoísmo suas muitas vidas terrenas anteriores. Ele, obviamente, praticou a Lei do Amor muito antes de transmiti-la a humanidade e ao fazê-lo, permitiu que sua Luz Interior brilhasse com mais intensidade. Ele estava completamente livre da doença e da imperfeição humana e, portanto, pôde fornecer ao Cristo os instrumentos puros, para o Santo Ministério.

Esta é a condição à qual todos nós, seriamente, devíamos ficar atentos e nela trabalhar. Cada um de nós, antes de abandonar o corpo físico pela última vez, deveria ter desenvolvido seus corpos físico e vital a tal grau de relativa perfeição, que um Ser de proporções cosmicamente esplêndidas como Cristo poderia utilizá-los se necessário. Isto quer dizer, em consequência, que deveríamos ter perfeita saúde no que diz respeito ao Mundo Físico.

A saúde perfeita não será conseguida através de remédios nos consultórios médicos com o auxilio de fortificantes. A saúde perfeita depende de como pensamos e agimos, não só do que tomamos.

Quando levamos em consideração o grau de perfeição alcançado por Jesus, na formação de seus dois veículos inferiores, podemos ver aí o quanto ainda temos que evoluir. Todo pensamento ou ação egoísta, todo ato de submissão ao desejo imoderado, todo ouvido surdo ao grito de um companheiro em desgraça, coloca-nos longe dessa meta. Muitas pessoas hoje em dia, não conseguem ver uma correlação entre o egocentrismo e a doença; essa correlação, porém, é muito real e verdadeira.

A Luz Interior brilha com seu maior esplendor quando nos tornamos abnegados. Abnegação implica em renúncia e sacrifício, assim como assumir a responsabilidade de ajudar e de prestar serviço em todas as ocasiões necessárias. É possível alcançar um bom grau de abnegação para com todos mesmo quando não nos liga o amor, isto é, podemos agir com abnegação de acordo com a nossa consciência porque sabemos que é a maneira certa de agir e não só porque amamos quem está ao nosso lado. Muitas vezes agimos abnegadamente porque não queremos sentir as dores da consciência ou porque não queremos passar por egoístas durante a retrospeccão; agimos portanto para nos livrarmos do remorso e dos problemas. Esta atitude pode, de certo modo, ser uma evolução do tipo de egoísmo que existia antes mas não é, ainda, o auge do desenvolvimento que almejamos.

Somente quando servimos contínua e alegremente, porque estamos imbuídos do amor impessoal de Cristo, é que alcançaremos a perfeição do desenvolvimento humano, no mundo físico. A realização desta condição exige uma dedicação intensa, autodisciplina e persistência que são percebidas muito vagamente ainda, quando o Aspirante inicia o Caminho Espiritual.

A saúde do Aspirante está propensa à mudanças, a medida que ele intensifica sua indagação espiritual. Da mesma forma, a medida que ele não se entrega mais a desejos baixos e não necessita de comidas pesadas, seus veículos, aos poucos vão se sensibilizando. Uma pessoa ainda não acostumada a tão alto grau de sensibilidade poderá de início, ter dificuldades em adaptar-se e até a atribuir essas dificuldades a "nervos". É aqui que o desenvolvimento do equilíbrio adquire particular importância. A medida que o Aspirante vai conseguindo dominar e alcançar o "pensamento certo e a ação certa" ele poderá começar a usar seus veículos que vão se tornando altamente sensibilizados e, portanto, mais espirituais, para fins mais nobres, não só para sua própria evolução mas também no desenvolvimento do serviço para com os outros.

Equilíbrio, em sua essência, é um produto de adesão a Lei do Amor. A prática ativa e constante desta suprema Lei Natural desenvolve, dentro do Ego do Aspirante, um sentimento de calma, satisfação e realização que não pode ser encontrada de nenhuma outra maneira.


24/04/2011

Como Ajudar o Próximo


Quando o "EU" superior "consegue" nos mostrar o caminho reto e começamos a trilhá-lo, percebemos que de alguma forma, quase automática, mudamos nosso ângulo de visão sobre tudo que nos rodeia.

Sob o efeito dessa mudança, muitas vezes somos pegos de surpresa tentando mudar o mundo e reclamando de todos e de tudo, correndo então o risco de acreditar que apenas o conhecimento da literatura filosófica oculta, já é um passaporte para o céu. Neste caso, onde está o conhecimento, a compreensão, o amor, e a tolerância?

Queremos que os outros mudem? Mudemos a nós primeiro.
Queremos ajudar a todos "lá fora"? Quando começamos a expandir nossos horizontes, isso se torna claro e correto. Não faria sentido ser um aspirante Rosacruz e não estarmos imbuídos do amor ao próximo como recomenda o Cristo. Mas uma reflexão sempre se faz necessária. Estamos ajudando aqueles que estão dentro do nosso lar, ou o tratamento dentro de casa seria o chamado "com casca e tudo"?

Nosso irmão Max Heindel diz que: Caridade começa em casa. Imaginemos então que cada um de nós é o centro do universo, comecemos nosso trabalho "dentro", estendendo para a família, zelando para sermos amigos realmente, e, quando estivermos certos disso, poderemos nos sentir em condição de levar para fora a nossa tão preciosa ajuda, aumentando esse número de pessoas cada vez mais.

Não devemos nos sentir incompreendidos, devemos compreender.
Precisamos refletir se já assimilamos os valores dos preciosos ensinamentos que recebemos dos Irmãos Maiores, através de nosso querido Max Heindel.
                                                      Publicado no ECOS de Novembro e Dezembro de 2001.

21/04/2011

Domingo de Páscoa

Foi através da autora do texto Domingo de Ressurreição (abaixo), Kittie Skidmore Cowen, que conheci a "Rays from the Rosecross". O irmão Siqueira apreciava muito os artigos e poemas de Kittie e em uma de suas primeiras conversas que teve comigo, me emprestando uma de suas "Rays" antigas, onde a irmã Kittie já aparecia como editora, lembro-me que ele disse: "ela era contemporânea do casal Heindel e era professora". Isto foi no ano de 1984. Só muito mais tarde, através da leitura de um artigo em sua memória, ou melhor, dois artigos escritos pelo casal Corinne e Theodore Heline, é que tomei conhecimento do valioso serviço que essa escritora e professora prestou em Oceanside, por cerca de 30 anos, até a data de seu falecimento em abril de 1951.

Domingo de Ressurreição
É Domingo de Ressurreição. Um súbito silêncio e uma quietude momentânea invadem a Natureza. Por uma fração de segundo o tempo se detém. Se você é suficientemente sensitivo pode sentir por um instante, o grande coração da Terra estremecer dolorosamente para, em seguida, palpitar alegre e jubilosamente. Se nesse instante permanecemos alertas, podemos perceber como as ígneas salamandras se detêm frente as suas chamejantes forjas sobre as quais fazem os carvões carmesins. Também podemos sentir a atividade vital suspensa nas múltiplas sementes que esperam obedientemente o despertar. Detêm-se o fluir dos grandes rios subterrâneos, os vapores da terra; a lava fluídica detém as suas tumultuosas expansões e os átomos minerais suspendem a sua vibração.

Sc tudo isto está gravado em sua consciência o seu inteiro ser, em êxtase, entra em harmonia com o grandioso evento Cósmico que está tendo lugar no centro do planeta, e perceberá como a superfície total da Terra se colore num instante com uma luz que não é alaranjada nem amarela; é cor de ouro. É um manto em forma de chuvisqueiro, vivo, palpitante, um halo dourado que envolve o mundo. Por um instante, ante seus olhos assombrados, o globo interno explode numa dourada labareda de luz iridescente, da qual brotam milhões de luminosas línguas de fogo que seespargem no espaço infinito.

É Domingo de Páscoa. a verdade lhe está sendo revelada. O Grande Espírito Solar, O Cristo, se retira da Terra. Pode ser que você não O veja, mas pode perceber a glória e sentir o poder da Luz Celestial que O rodeia e que é uma parte do Seu Divino Ser.
Traduzido por um Probacionista ,publicado na revista Serviço ROSACRUZ de fev. de 1964

04/04/2011

COMO ERA A APARÊNCIA DE CRISTO JESUS? (parte 2)

Então como era a aparência de Jesus? 
Ele se parecia com cada um de nós, tal como nós somos vistos aos olhos de Deus. Ele era, tal como desejamos senti-Lo e como queremos ser em realidade. Ele é o que se vê através do olho do contemplador. Uma pessoa cheia de ódio, não poderá ver Amor encarnado no homem Jesus. Verá uma blasfêmia, uma ameaça à sua segurança.

A pergunta de como era Jesus, é uma variante da questão messiânica, feita pelos judeus: Como O conheceremos quando Ele voltar? Não será por seus traços, senão pelo que Ele pode fazer e faz. Para os cristãos, a última façanha foi quando Cristo Jesus ressuscitou. O critério judeu foi que Ele podia liberar seu povo, sendo líder e governante neste mundo. O Jesus que procuravam deveria ter uma magistral autoridade e comparativa imponência física. Ele seria o campeão das causas políticas de Seu povo. Ele não podia ser como um cordeiro silencioso ao ser levado ao matadouro ou como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, como é dito em Isaías 53:7. No entanto, foi a esse Cordeiro de Deus, a essa encarnação da salvação, que os judeus gritaram: “Fora com Ele! Melhor Barrabás”. Barrabás, afinal de contas, embora um assassino, havia lutado, como um nacionalista, pela causa judaica.


Finalmente, temos que admitir que nenhuma imagem autêntica de Jesus nos foi reservada, a fim de que não exercesse em nós um efeito limitante e enganoso. Se a ênfase de Cristo Jesus foi para Seu espírito e não para Sua personalidade é porque Ele queria mostrar um retrato de Sua alma. Ele queria imprimir em nosso olho mental imagens de bondade, cenas de cura, retratos de voluntária moderação quando perseguido por inimigos, imagens da superação das paixões, estágios iniciáticos. Idealmente vemos representações de Cristo Jesus não como uma forma, senão como um gesticulador divino, como Epifânia do espírito, como demonstrações do divino através do véu mundano, como tênues verônicas. Nós vemos não o estático, congelado, mas sim a revelação da vida, do princípio redentor em si mesmo, que é puramente dinâmico, e que, tornando possível a primeira ressurreição, possibilita à futura humanidade uma permanente e consciente existência etérica.

Além disso, consideremos vários detalhes pós Gólgota, dados nos evangelhos e como eles influem em nossas considerações sobre a verdadeira imagem de Cristo Jesus. Como era Ele? Mesmo quem esteve próximo Dele e pode memorizar Sua aparência, não O reconheceu quando Ele apareceu na manhã de Ressurreição, próximo da sepultura vazia. Maria Madalena, somente depois de ter ouvido a voz de Jesus - o que, mais que Seus olhos físicos, dava um verdadeiro retrato de Sua alma - reconheceu Quem estava vendo. Teria Cristo se modificado? Ele estava usando o mesmo corpo vital doado por Jesus e havia reunido suficiente substância física a fim de ser visto. Seu corpo ressuscitado estava mais tênue, mas podia ser visualmente comparado ao corpo de Jesus antes do Gólgota. Mas Madalena estava preocupada. Ela não estava psicologicamente preparada para ver seu mestre “morto”. Nem tampouco estavam os discípulos, os quais no caminho a Emmaus, ao reunirem-se com o Cristo Jesus ressuscitado, não reconheceram com quem estavam conversando, até que Ele Se identificou mediante um ato simbólico: o partir do pão. Pedro não reconheceu ao Senhor na praia do Lago da Galiléia até que João o fez notar. Por negá-Lo por três vezes, Pedro foi “ensinado” a não vê-Lo.

O que aprendemos desses exemplos? 
Que veremos quando estivermos preparados para ver. Um culpado inconfesso não vê o perdão divino. Uma pessoa critica não vê a amorosa bondade. Na humildade, uma pessoa orgulhosa vê ofensa em vez de fortaleza. Na vigorosa compaixão de Cristo, absolutamente desinteressada, o egoísta pode ver somente debilidade e vulnerabilidade.

Sabemos como era aparência do Cristo histórico. Era a aparência do amor que vem da alma e que ilumina o rosto de quem vivencia este amor. Pois não foi esse Seu Amor que impulsionou Deus a dar Seu Filho ao mundo, mortificando Sua glória e reduzindo Sua magnitude a fim de habitar um corpo humano? A glória não foi apagada, mas profundamente ocultada. Na maioria dos seres humanos a glória é uma semente germinando, é uma chispa de Cristo. Quando formos verdadeiramente cristãos, veremos através do obscuro vidro da carne física, veremos face a face, de espírito para espírito; veremos que a luz de Cristo sobrepuja qualquer aparência exterior.

Um grau incomparável de sabedoria e assistência divina entraram na preparação dos veículos (corpos denso e vital) de Jesus. Não é exagero dizer que todo um povo foi designado para servir como ambiente onde Ele seria gerado e embalado. Tais foram os semitas originais, cujo racial átomo-semente foi germinado na quinta sub época da Época Atlante do Período Terrestre. Na quinta época ou Época Ária os essênios semitas eram um povo destinado para o propósito expresso de preparar o mais puro e o mais refinado organismo físico para servir ao Ego Jesus e mais tarde o Espírito Cristo.

Tendo em vista esta preparação incomparável, é até uma ironia que a flor e paradigma da humanidade não tenha sido imediatamente considerada como excepcional, em todos os sentidos, pelos seus contemporâneos. Mas a excelência foi interior e sutil. Nem mesmo o Cristo chamou a atenção à sua pessoa física (Jesus). Ao contrário, procurou despertar os outros para a Sua identidade espiritual.


Se a carne e o sangue não declaram presença de Cristo, em Jesus (Mt 16:17), uma descrição da carne e do sangue não revelará a singularidade de Jesus Cristo. Não descreverá Jesus Cristo, mas Jesus, e isto apenas num momento histórico. Estamos na mesma condição de João Batista. Precisamos da pomba do Espírito Santo para nos mostrar o Cristo.

Há um recurso artístico para representar a atividade do espírito ou a santidade de uma pessoa – é o uso de uma auréola, e, no caso de Jesus Cristo, especialmente o Cristo ressuscitado, uma auréola de luz. É uma luz que torna visível o invisível, que revela no mundo material, a presença do imaterial. A auréola de luz indica o Sol, nosso regente espiritual, Aquele que é a Luz do mundo. A auréola é a representação do pleno desenvolvimento dos centros etéricos na cabeça.

Os pintores ocidentais e ortodoxos da Idade Média utilizavam esse halo ou auréola para mostrarem a transfiguração do Espírito no corpo físico, e, posteriormente esse recurso foi utilizado não apenas para Jesus, mas também sempre que se desejava mostrar a luz interior de uma pessoa. Alguns contam Rembrandt como exemplo.

Considerando que os artistas trabalham com materiais inertes ao criarem a ilusão ou sugestão de vida, o Espírito Santo é a inteligência criativa que pode despertar e suscitar qualidades de alma das matérias-primas e tornar realidade o belo e o verdadeiro. Em abençoados momentos em que sobrepujamos as limitações materiais e somos permeadas por uma afeição generosa, elevamo-nos em adoração a Deus, e somos inundados por um altruísmo que nos faz perceber e prezar a santidade de outra pessoa. Esses momentos de graça refletem a luminosidade da presença permanente de Cristo, e é algo desta presença espiritual que uma representação artística de Cristo pretende captar e transmitir, a presença de virtudes cristãs, que consagrem a alma. É uma arte que é capaz de ser um espelho invisível para o candidato, em quem Cristo, sua esperança de glória, é revelado.

Traduzido do original inglês: What Did Christ Jesus Look Like? de CW
Publicado na “Rays from The Rose Cross” – Jan/Fev de 1998
Gravuras e legendas do texto original