10/12/2011

O Corpo Vital e a Saúde

O corpo vital tende a construir o corpo físico, ao passo que os nossos desejos e emoções o destroem. Esta luta entre o corpo vital e o corpo de desejos é que produz a consciência no mundo físico e que solidifica os tecidos de maneira que o tenro corpo da criança vai-se endurecendo gradualmente e enrugando na velhice, à qual se seguirá a morte. A moralidade ou imoralidade dos nossos desejos e emoções atua de maneira similar no corpo vital.

Quando a devoção a ideais elevados for a mola propulsora para a ação e a natureza devocional tiver plena liberdade de se exprimir durante anos e anos, especialmente quando tudo isso se realizar mediante a prática dos exercícios científicos de Retrospecção e de Concentração, os éteres químico e devida irão diminuindo gradualmente à medida em que se desvanecem os apetites animais e a quantidade dos éteres de luz e refletor aumenta, ocupando o lugar daqueles. Como resultado disso a saúde física dessas pessoas não é tão robusta como a das demais que vivem uma vida indulgente à natureza inferior. Estas, ao contrário, atraem os éteres químico e de vida em proporção à extensão dos seus vícios, com a exclusão parcial ou total dos dois éteres superiores.

Deste fato derivam algumas consequências sumamente importantes relativamente à morte. Como o éter químico é o que cimenta as moléculas do corpo em seus respectivos lugares e as mantém ali durante a vida, quando só existe um mínimo desse material, a desintegração do corpo físico depois da morte deve ser muito rápida. Foi nos impossível comprovar isso pessoalmente, devido à dificuldade de encontrar pessoas de alta espiritualidade que tenham morrido recentemente, mas parece que deve ser assim pelo que se diz na Bíblia que o corpo de Jesus não foi achado no túmulo quando vieram buscá-lo. Cristo espiritualizou o corpo de Jesus tão intensamente, tornando-o tão vibrante, que era quase impossível manter as diferentes partículas em seus lugares durante Seu ministério. Como já dissemos, uma vida mundana aumenta a proporção dos éteres inferiores no corpo vital com prejuízo dos superiores. Se além de levar uma vida materialmente "pura", se evitam todos os excessos, a saúde durante a vida física será mais robusta do que a do aspirante à vida superior, porque a atitude deste último com respeito à vida, forma um corpo vital composto principalmente dos éteres superiores. Ele ama o "pão da vida" mais do que o sustento físico e, por conseguinte, seu corpo físico vai-se sensibilizando intensamente, chegando a um estado tal que favorece grandemente seus objetivos espirituais, mas que é difícil de suportar sob o ponto de vista material.

Na maioria da humanidade existe tal preponderância de egoísmo e um desejo tão veemente de tirar o maior partido possível da vida física, que os seres humanos se encontram sempre ocupados, seja em manter o "lobo fora da porta", seja acumulando posses ou cuidando delas. Dai que tenham pouco tempo ou inclinação para se ocuparem com a cultura da alma, tão necessária para o verdadeiro êxito da vida.

Portanto, é tão pouco o que persiste em cada vida na maioria dos seres humanos e a evolução é tão terrivelmente lenta, que a alguém que seja capaz de contemplar a morte, das mais superiores regiões do Mundo Mental Concreto, olhando, por assim dizer, para baixo, pareceria que na realidade quase nada se salva desse corpo vital. Este corpo parece que volta inteiramente ao corpo físico para flutuar sobre o túmulo, desintegrando-se simultaneamente com ele. Na realidade, porém, uma parte sempre crescente adere aos veículos superiores e com eles vai ao Mundo do Desejo, para ali servir de base à consciência, subsistindo, geralmente, durante a vida no Purgatório e no Primeiro Céu, durando até que o homem penetre no Segundo Céu e aí se una com as forças da natureza em seus esforços para criar um novo ambiente. Nessa ocasião já quase foi absorvida pelo espírito e o que poderia ficar, de natureza material, logo se dissolve e desaparece.

Há algumas pessoas de natureza tão maligna que desfrutam uma vida gasta em vícios e práticas degeneradas e que são tão brutais, que até se deleitam em fazer os outros sofrer. Algumas vezes cultivam as artes ocultas com propósitos malévolos, para terem maior domínio sobre suas vítimas. Suas práticas imorais e ferozes, endurecem terrivelmente seu corpo vital.

Nos casos extremos em que a natureza animal predominou absolutamente, em que não existiu manifestação da alma na vida terrena precedente, não se pode produzir a divisão de que estamos falando, ao morrer, porque não existe linha divisória. Nesses casos, se o corpo vital gravitasse de volta ao corpo denso para desintegrar-se gradualmente, o efeito de uma vida tão maligna não seria tão duradouro. Infelizmente, nesses casos se produz uma união tão forte entre os corpos vital e de desejos que impede a separação.

Publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil em Março de 1997

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