23/12/2014

Uma Imagem da Sagrada Família


A imagem da Sagrada Família é das  mais representativas para o Natal. Ou, pelo menos, isto é definitivamente certo quando nos referimos aos artistas das cores e das tintas.

Desde o início do Cristianismo os pintores, de todas as vertentes e escolas  se empenharam para eternizar  o momento quando, dois Iniciados, como sabemos que eram Maria e José, tiveram em seus braços  a pequena criatura que estava destinada a receber, trinta e três anos mais tarde, no Batismo, Aquele que é o Cristo.

Meus agradecimentos a Irmã Maria Carolina P. Carvalho, dedicada colaboradora  na Fraternidade Rosacruz em São Paulo por muitos anos, que permitiu a publicação desta   aquarela  pintada  por seu  esposo Emídio Carvalho, onde a leveza das três cores - amarela. azul e branca - por si já consideradas "cores espirituais", compõem a Sagrada Família.  

Recebam também meus agradecimentos todos os amigos e irmãos que colaboraram com este blog em diferentes formas, compartilhando, comentando, divulgando, enviando textos e fotos. Gratidão pelo ano que termina! 

“As vibrações espirituais são mais intensas à meia noite da Noite Santa. Nessa noite é mais fácil obter um contato consciente com o Sol espiritual e a retrospecção e as resoluções para o novo ano são mais eficazes.
Vamos unir nossos esforços espirituais concentrados de aspiração e oração para o crescimento individual e coletivo da alma a fim de termos um ano espiritualmente produtivo!”

Um Natal Abençoado a todos e
                                                  "Que as Rosas floresçam em Vossa Cruz"

14/12/2014

A Origem do Natal

Augusta Foss Heindel

Os materialistas se recusam aceitar o formoso relato sobre o nascimento de Jesus e frequentemente formulam esta pergunta: "Se Cristo veio ao mundo para salvar o homem do pecado e da morte, quem salvará as milhões de almas que estavam em manifestação antes da Era Cristã, que data de cerca de 2000 atrás"?

Disse João Evangelista: "Porque Deus amou de tal maneira o mundo que lhe deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que n'Ele crê não se perca, mas tenha vida eterna. Porque não O enviou Deus para condenar o mundo mas para que o mundo se salve por Ele".

Estas palavras de Cristo-Jesus têm dado o que pensar a muitos e até fizeram que alguns se afastassem de sua fé em Deus, pois: como pode alguém acreditar na Paternidade de Deus e Sua Bondade; como pode alguém crer no amor esse grande Espírito e também pensar que Ele deixou de dar o necessário a Seus filhos, em todas as épocas? Quem pode continuar crendo nEle, se foi tão cruel a ponto de enviar Seu único Filho para salvar apenas uma pequena parte de seus outros filhos humanos? Quem pode crer que esse amoroso Pai tivesse permitido que a maioria de seus filhos fossem arrojados às trevas para sofrer eternamente, apenas porque vieram antes de Cristo? (Diante disso, é de surpreender que as religiões de Buda, Mahomé e Zoroastro continuem florescendo, embora reconheçamos que os ensinamentos do Mestre Cristo-Jesus preencham as necessidades da nova onda evolutiva?

Vários estudiosos afirmam que o natal começou a ser celebrado apenas cerca de quatrocentos anos depois de Cristo. De fato, nada existe na história para confirmar que os cristãos tivessem celebrado esse acontecimento nos primitivos tempos do cristianismo. Mas isto é fácil de compreender-se. Até sua oficialização, o cristianismo sofria cruéis perseguições. Ademais, o paganismo fortemente espalhado então, desvirtuaria a pureza de sua apresentação. Os essênios eram devotos e pouco dados a práticas externas, como o faziam os fariseus. Mais tarde, a própria exigência do povo pelo cerimonial estabeleceu essa prática. Vejamos o Velho Testamento e leiamos sobre os grandes festivais promovidos pelo povo naqueles remotos tempos e que correspondem a nossos presentes festejos de Natal e Páscoa de Ressurreição.

Os antigos eram muito dados a cerimoniais. Seus festivais eram religiosamente observados, ainda mais do que as festas religiosas de hoje. Vejamos os festivais dos tempos de Abraão: Moisés deu instruções bem definidas a seus seguidores em relação a essas cerimônias, que deveriam ser levados a cabo com seus ritos religiosos. Moisés é o autor dos cinco primeiros livros da Bíblia (Pentateuco) e seus dez mandamentos são a pedra angular de todas as atuais religiões. Os antigos festivais eram terrivelmente desfigurados com ritos que o homem moderno consideraria repulsivos. Em algumas ocasiões não apenas eram imolados animais no Altar dos Sacrifícios, senão que o próprio sangue humano corria, para apaziguar a fúria dos deuses pagãos. Quase todos os festivais eram oferecidos ao Deus do Sol e muitas das religiões antigas se achavam mescladas com os mitos solares. No solstício de Dezembro quando o Sol chega à sua mais baixa declinação e deve empreender a marcha ascendente rumo ao norte, converte-se num salvador de vidas e então renasce o deus-sol. (Nota:Considerando-se o Hemisfério Norte).

Em algumas das religiões antigas, encontramos o relato da mãe e do filho divino. Na índia, Krishna nasceu como um salvador e seus pais tiveram que fugir de sua terra, devido ao decreto do Rei Karnsa de matar toda criança de sexo masculino recém-nascido. Na história do nascimento de Krishna encontramos os Anjos, os Pastores e os Magos. A história da vida deste deus-sol da índia é muito parecida à de Cristo Jesus.

Na história da Babilônia encontramos o deus do sol, Tammuz, que nasceu de uma mãe virgem. Uma lenda similar é a do deus Apolo. Encontramos, também, o mesmo mistério em relação à data de nascimento desses deuses, que foi igual à de Jesus.

Em todos os relatos dos nascimentos dos grandes Mestres, existe a aparição de um Anjo anunciando a uma Virgem que Deus havia escolhido para mãe de uma divina criança. A história difere mui ligeiramente nas distintas religiões. O idioma, o cerimonial e os costumes é que motivam essas diferenças secundárias.

Afinal, por que a Virgem e um menino divino aparecem nessas religiões antigas, inclusive nas classificadas de pagãs? Isto não é uma prova de que deve existir alguma conexão entre estes mitos, os quais coincidem maravilhosamente com o nascimento do Salvador e com a marcha do Sol através do Zodíaco? Em alguns desses relatos fala-se de um grande silêncio existente em toda a Terra, no momento do nascimento. Tudo era silêncio. Isto é uma realidade no solstício de dezembro(Inverno no Hem.Norte) A vida vegetal parece descansar. A força de Deus se aquieta por algum tempo. A seiva se recolhe nas raízes. Os ramos e os talos se desnudam. A vida dorme e o Sol penetra no reino de Saturno, Capricórnio. A Terra é uma massa vivente que respira, mas nesse tempo parece reter seu alento, como o faz um homem, quando vai realizar um ato muito importante.

O nascimento do sol é como uma exalação da vida do Cristo, sentido por toda a humanidade. O Natal, o nascimento místico, é um período de regozijo para a Terra, bem como e principalmente para a humanidade, porque então os Anjos portam corrente de júbilo.

O mito do sol existente nas religiões antigas, encarado sob o ponto de vista da astrologia e da astronomia, fala-nos do grande Plano Cósmico. O Sol em seu caminho pelos Signos do Zodíaco é uma manifestação atual das glórias do Universo de Deus. Por enquanto é apenas uma manifestação externa de uma verdade maior, o Filho cósmico, o Cristo, por quem flui toda a vida de Deus em favor da humanidade. Ele é o grande portador da vida cujo veículo material nasceu há cerca de 2000 anos. Veio à Terra para que por Seu intermédio pudesse Deus acender no homem a chama do Amor divino, atributo do Segundo Aspecto de da Natureza de Deus. Esse acontecimento ocorreu no mês mais frio e escuro do ano para o Hemisfério Sul. Igualmente nesta época nasce o Sol em seu ascenso ao Norte, brilhante e com mais força e vigor, mais próximo da Terra, para renovar a vida em toda a natureza.

Se examinarmos este grande evento anual do Natal sob os dois pontos de vista, o pagão e o festival do deus-sol em sua jornada pelos signos do Zodíaco e relacionamos com o relato do nascimento do Filho de Deus de uma Virgem, nosso Amor e reverência pelas páscoas modernas em vez de decrescer, aumentarão, mesmo que os textos cristãos ortodoxos afirmem que as festas que se celebravam nos tempos pré-cristãos eram pagãs.

O exposto, que a História nos conta, revela que o homem sempre buscou uma religião. Sua alma sempre ansiou por Deus. Por mais cruel que haja podido ser essa concepção de Deus para o homem, não invalida nem diminui a realidade de Sua existência. Desde a época em que olhos do homem foram abertos para o mundo e o véu do conhecimento de si mesmo foi retirado, ele foi buscando resolver os grandes mistérios da vida. À medida que ele crescer em Sabedoria e compreensão espiritual, a verdadeira luz ser-lhe-á mostrada no caminho, essa luz que esteve escondida nas dobras dos séculos que passaram. Então ele poderá verificar que os deuses, assim como a mente dos homens, crescem junto com as religiões para ganhar em consciência. Assim também deve crescer nosso ideal do Natal, em amor e beleza. Quando o Cristo - menino nasça e se alimente em nossos corações poderemos entender perfeitamente o sentido destes versos de Angelus Silesius:

"Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém, se não nasce dentro de ti, tua alma segue perdida. Olharás em vão a Cruz do Gólgota, enquanto dentro de ti ela não for erguida".

publicado na revista Serviço Rosacruz, dez.,1965