05/08/2017

Da Destilação Alquímica Interna

O Alquimista – Pintura do holandês Adriaen Van Ostade (1.610-1.685)
por Jonas Taucci
Uma das primeiras palestras que presenciei na Fraternidade Rosacruz foi a do irmão probacionista Antônio Munhoz. Tinha acabado de inscrever-me no Curso Preliminar, e a palestra assistida referia-se ao livro Iniciação Antiga e Moderna”, de Max Heindel.

Algo que me chamou a atenção - neste meu início - foi a de que apenas probacionistas ativos oficiavam Rituais e proferiam palestras.

Na exposição, foi aludida a condição em que se encontra o candidato à porta oriental do Tabernáculo no Deserto: “pobre, nú e cego”, ressaltando o irmão Munhoz de que esta condição não se relaciona a absolutamente nada físico, e – lembro-me – em uma lousa com giz (estamos no final dos anos 70...) escreveu:

*** POBRE: A carência da luz interna.

*** : Ausência do Corpo Alma.

*** CEGO: A deficiência para vivenciar as Leis Cósmicas.

Disse que o caminho ao nascimento de nosso Cristo Interno passa por um afunilamento (A torre da igreja é larga na base, mas aos poucos vai se estreitando...), comparando isto a algumas passagens (sequenciais) do Novo Testamento, com referência a Cristo, até à sua crucificação.

Este estreitamento (interno) -  continuou - é o trabalho, o processo alquímico que o aspirante rosacruz realiza em seu dia a dia, auxiliando seu semelhante, como preconizou Cristo, sendo o seu resultado:

*** Crescimento de nosso EU SUPERIOR

*** Diminuição de nosso EU INFERIOR

Esta ordem está perfeitamente em sintonia com o evangelho de João:

*** “É necessário que ele cresça e que eu diminua (João 03:30).

Todos nós somos alquimistas! Nosso corpo constitui-se no “laboratório” onde a OBRA (literalmente) pode ser realizada: a transmutação do chumbo em ouro”, e Max Heindel no citado livro acima (capítulo IV – A Transfiguração), nos dá uma bela explanação sobre o assunto.

Há pessoas, com certeza, que ao lerem passagens bíblicas sobre o Cristo ou verem filmes sobre o assunto, sentem-se impulsionadas a pensar no desejo de estarem naqueles dias e locais em que o maior iniciado do Período Solar esteve na Terra, e:

*** Colocar no colo, o menino Jesus recém-nascido.

*** Estar presente nas curas que Cristo realizou, e confortar os enfermos.

*** Participar da Santa Ceia, e comungar o alimento por Ele oferecido.

*** Ao Vê-lo carregar sua cruz, ir em seu encontro e prontificar-se a auxilia-lo.

*** Estar ao lado Dele, na crucificação, e dizer: Aqui estou, neste teu difícil momento.

Pensar assim, pode revelar total dissonância para com os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.

Há em cada ser humano, um Cristo Interno, e isto foi dito pelo mais alto Arcanjo (Cristo) ao dizer que, quando auxiliamos nossos semelhantes, estamos auxiliando a Ele (o Cristo que habita em cada pessoa), e quando deixamos de fazer aos outros, também não estamos fazendo a Ele. (Evangelho de Mateus -  25: 35 a 45).

Encontra-se à nossa disposição, aqui e agora, o vivenciar – e não o sonhar – nossa ajuda ao Cristo, pois quando – amorosamente,

1) visitamos crianças em orfanatos.
2) confortamos pessoas enfermas em hospitais ou lares.
3) compartilhamos nossa ceia (alimento) com os desassistidos.
4) estamos presentes e atuantes com pessoas em seus momentos difíceis

...estaremos auxiliando o Cristo (de nossos irmãos), apressando a libertação do Cristo Cósmico de sua trajetória anual à Terra e, realizando uma obra (própria) de destilação alquímica interna, que irá – verdadeiramente e não utopicamente - resultar no nascimento de nosso Cristo Interno.

Nem todo o que me dizSenhor, Senhor” (o simples conhecimento de informações espirituais, ainda que profundas) entrará no Reino dos Céus (plural), mas aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus (plural também; estágios evolutivos - Mateus 07:21).

Sempre considerei também interessantíssimo este afunilamento mencionado acima pelo irmão Munhoz e a citação do Ritual Rosacruz de Cura:

*** Se alguém se absorve numa intensa súplica a um poder superior, sua aura parece afunilar-se em forma muito semelhante á parte inferior da tromba marinha”.

Tentarei (re)transmitir as citações bíblicas ditas pelo saudoso irmão, em sua ordem, acrescentando pinturas de renomados artistas. Não nos esquecendo de que possuímos um Cristo Interno ainda em estado latente, e todas estas citações devem ser (interna e alquimicamente) percorridas pelo aspirante rosacruz.







*** Por fim chegará um momento em que este caminho é tão fino quanto o fio de uma navalha, e aí só poderemos agarrar-nos à cruz. (Iniciação Antiga e Moderna -  Max Heindel – capítulo VI – a Lua Nova e a Iniciação)

Invariavelmente, as palestras do irmão Munhoz terminavam assim:

_ Hoje aprendemos um pouco mais sobre os Ensinamentos Rosacruzes.

De nada adianta sermos um poço de conhecimento; coloquemos o que aqui foi exposto à serviço de nosso semelhante, através de ações, alimentando assim nosso Eu Superior para o nascimento de nosso Cristo Interno. Não há outra razão para estudarmos os Ensinamentos Rosacruzes.

Excelentes palestras nos deu o irmão Antônio Munhoz...